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MARCOS DA HISTÓRIA DE PORTUGAL
DESTAQUE


Mosteiro de Santa Maria da Vitória. Batalha. Leiria.



Painéis de São Vicente de Fora.



Torre de Belém. Lisboa.



Estátua equestre de El-Rei D. João IV. Em frente ao Paço Ducal. Vila Viçosa



A Organização DOS rapazes, PARA os rapazes e PELOS rapazes foi extinta em 1966, quando a reforma do ministro Galvão Telles lhe retirou os rapazes (filiados), entregou os «centros» às escolas, e a transformou, assim, numa espécie de direcção-geral de actividades circum-escolares.

Voltou às origens com a reforma Veiga Simão, pelo Decreto-Lei n.º 486/71 de 8 de Novembro.

Mas os novos "associados" estavam tão preocupados com a sua modernização, que acabaram por a descaracterizar completamente.

Foi definitivamente extinta a 25 de Abril de 1974.


quarta-feira, 22 de junho de 2011

Mocidade Portuguesa. Actividades Gerais. Classes e Especialidades.



Versão: 1.0   –  Data: 22-06-2011


I – NOTAS EXPLICATIVAS:

1 – As classes e as especialidades – associadas aos cursos de formação de graduados –, foram as formas de organização das actividades gerais (inicialmente designadas por instrução geral), que mais e melhores oportunidades ofereceram à generalidade dos filiados da M.P.

2 – E as considerações que Marcello Caetano, Comissário Nacional (1940-1944), inclui a este respeito no seu livro «A Missão dos Dirigentes» e transcritas mais abaixo, são eloquentes na sua simplicidade. Era preciso criar nos rapazes um estímulo, uma motivação para prosseguir, e ver o mérito reconhecido.

3 – Sobre os conteúdos programáticos para a prestação destas provas, encontram-se os mesmos publicados em ordens de serviço do Comissariado Nacional, e em publicações avulsas com as directivas anuais para as actividades, que o «Tronco-em-Flor» publicará em diferentes colocações. Mas, genericamente, elas incidiam sobre os conhecimentos tradicionalmente ministrados pela Mocidade, embora em diferentes graus de dificuldade.

2 – As tais instruções, referentes à prestação de provas pelos infantes «iniciados», aqueles que não tinham tido instrução como Lusitos, nos centros escolares primários, permitiam-lhes ainda prestar provas, primeiro, para «Infantes de 2.ª classe», e depois para «Infantes de 1.ª classe», em qualquer altura do ano, à sua escolha. Os filiados Vanguardistas, tinham de confirmar a 1.ª Classe, no prazo de um ano, e nas mesmas condições.

3 – Mas constitui uma quase evidência, a impossibilidade de interromper constantemente a instrução previamente programada, para os rapazes prestarem provas, muito embora, alguns apoiantes da orientação, pudessem ter eventualmente defendido que, estas oportunidades, acabariam por constituir uma forma de rever e melhorar o conhecimento dos assuntos, aos demais filiados do castelo. Todavia, esta qualquer altura do ano, pode talvez ser entendida como todos os meses ou todos os trimestres.

4 – Seja como for, a necessidade de chegar à 1.ª Classe – a que correspondia o direito de usar o correspondente distintivo, uma quina dourada, acima do bolso esquerdo da camisa, o que tinha sobreposto o emblema da M.P., ou uma quina prateada para a 2.ª Classe –, era nesta altura indispensável, para frequentar os cursos de graduados, a começar pelo curso de chefe-de-quina, ou para transitar para as especialidades, que, no tocante aos infantes, eram mais especialidades «internas» aos próprios Centros de Formação Geral. Salvo poucas excepções.

5 – Aos vanguardistas apresentava-se-lhes a oportunidade de se inscreverem nos «Centros Especiais» de marinharia, remo, vela, hipismo, atletismo, tiro desportivo, esgrima, natação (o voo com e sem motor, que era só para cadetes) e outros, ou ainda de frequentarem os cursos dos «Centros de Instrução de Quadros» que, inicialmente, conferiam as especialidades de ligações e transmissões, defesa civil, Observação (associada à topografia), aviominiatura (aeromodelismo), campismo, tiro desportivo, jogos e iniciação desportiva e especialidade sanitária.

6 – Estes «Centros de Formação de Quadros» eram de excepcional importância, porque era deles que saíam os futuros «Auxiliares de Instrução», tão necessários numa Organização que sempre se debateu com uma tremenda falta de instrutores (assistentes) e graduados, e ainda, essencialmente, os futuros membros das «Formações-de-Comando», assim uma espécie de «corpo-de-estado-maior», que, tal como o nome sugere, apoiavam os comandantes dos diferentes castelos, grupos, bandeiras e falanges, na organização de actividades, de acordo com as suas áreas de especialidades.

7 – Pena foi que a M.P. não tenha aberto mais cedo – fê-lo só depois da reforma de 1966 –, o leque de especialidades dos «Centros Especiais», que se manteve inalterado durante trinta anos (demasiado tempo), a áreas artísticas ligadas à imagem (fotografia e cinema documental), ao teatro e declamação, à música instrumental e coral e às artes plásticas, ou até mesmo a domínios literários. Para acolher, incentivar e ajudar formar os valores que iam emergindo dos Centros de Formação Geral, ou se revelando em salões anuais de educação estética e em jogos florais, com diferentes designações.

8 – Foi uma lacuna grave e uma oportunidade perdida para formar «auxiliares de instrução» para apoiar mais as actividades dos Centro de Formação Geral. Contribuindo assim para a retenção nas fileiras de filiados vanguardistas e cadetes, que, não encontrando o que desejavam, e integrando já o contingente de inscrição voluntária, a pouco e pouco foram abandonando a Organização.

9 – Mas, apesar de todas as dificuldades, o que é importante talvez salientar desde já, é que na Mocidade havia trabalho – ou um posto –, para todos. Longe de ser uma organização aonde apenas uns mandavam e os demais obedeciam, como à primeira vista possa parecer, Nela, todos podiam mandar e a todos era exigida obediência, como, a pouco e pouco irão verificar.


II – TRANSCRIÇÃO PARCIAL:
de “A Missão dos Dirigentes”, Marcello Caetano, 2.ª Edição, 1942:
… … … … … … … … … … …
4.ª Parte – Os Centros e as Actividades
… … … … … … … … … … …
Pág. 100 – Secção V – Classes e Especialidades.

Em todas as actividades tem de se ter presente um certo número de princípios fundamentais para triunfar. Entre esses princípios retenhamos especialmente:

1.º que o estímulo do trabalho vem da ideia de realizar um objectivo, de alcançar um fim;

2.º que a repetição fastidiosa dos mesmos exercícios e a estagnação dos conhecimentos levam inevitavelmente ao desinteresse, o qual só é vencível pela ideia de que se progride, se avança, se é promovido segundo o mérito possuído e o esforço dispendido
.
Em obediência a estas verdades elementares se criaram as classes nos escalões e se dá incremento às especialidades.

O filiado ingressa no escalão de infantes como iniciado; passa depois à 2.ª classe; daí, mediante a prestação de provas, transita para a 1.ª classe e só então deverá ser admitido aos cursos de chefe-de-quina.

Se provém de um Centro de lusitos e teve instrução adequada pode ser dispensado da fase de iniciação.

O mesmo, pouco mais ou menos, se faz depois no escalão de vanguardistas.

Para que servem as classes?

Para dar uma finalidade à instrução geral (actividades gerais). O filiado não anda a fazer as coisas por fazer, não aprende as noções por aprender: está-se a preparar para a 1.ª classe ou para chefe-de-quina. E os programas de instrução são organizados de harmonia com essa finalidade.

Obtida a 1.ª classe e visto que nem todos poder ser chefes-de-quina – que novas actividades se lhe hão-de propor?

As actividades de especialização.

Não devem ser admitidos a praticá-las senão os que tenham tido a formação de base dadas pela instrução geral (actividades gerais).

Mas convém chamar muitos a especializar-se para vantagem da vida dos Centros e para variação da ocupação dos filiados.

Além das actividades de educação física, muitas outras podem ser objecto de especialização: o campismo, a enfermagem, as ligações e transmissões, os transportes, a defesa civil, a aviominiatura (aeromodelismo), a observação, a fotografia, o ciclismo, etc.

A cada especialização corresponde a concessão de uma insígnia de especialidade.

Nas localidades mais populosas convém concentrar a instrução das especialidades quer nos Centros Especializados, quer num Centro de Instrução de Quadros (Centro de Formação de Quadros) onde se preparem os graduados e filiados que depois hão-de auxiliar os instrutores a ministrar a parte complementar das sessões de instrução geral.

As classes e as especialidades são óptimos instrumentos para variar e animar a actividade dos filiados durante a sua permanência na M.P.

Não os desprezem os dirigentes.