Versão: 1.0 –
Data: 22-06-2011
I – NOTAS EXPLICATIVAS:
1 – As classes
e as especialidades – associadas aos cursos de formação de graduados –,
foram as formas de organização das actividades gerais (inicialmente designadas
por instrução geral), que mais e melhores oportunidades ofereceram à
generalidade dos filiados da M.P.
2 – E as
considerações que Marcello Caetano, Comissário Nacional (1940-1944), inclui a
este respeito no seu livro «A Missão dos Dirigentes» e transcritas mais abaixo,
são eloquentes na sua simplicidade. Era preciso criar nos rapazes um estímulo,
uma motivação para prosseguir, e ver o mérito reconhecido.
3 – Sobre os
conteúdos programáticos para a prestação destas provas, encontram-se os mesmos
publicados em ordens de serviço do Comissariado Nacional, e em publicações
avulsas com as directivas anuais para as actividades, que o
«Tronco-em-Flor» publicará em diferentes colocações. Mas, genericamente, elas
incidiam sobre os conhecimentos tradicionalmente ministrados pela Mocidade, embora
em diferentes graus de dificuldade.
2 – As tais instruções,
referentes à prestação de provas pelos infantes «iniciados», aqueles que não
tinham tido instrução como Lusitos, nos centros escolares primários, permitiam-lhes
ainda prestar provas, primeiro, para «Infantes de 2.ª classe», e depois para «Infantes
de 1.ª classe», em qualquer altura do ano, à sua escolha. Os filiados Vanguardistas,
tinham de confirmar a 1.ª Classe, no prazo de um ano, e nas mesmas condições.
3 – Mas constitui
uma quase evidência, a impossibilidade de interromper constantemente a
instrução previamente programada, para os rapazes prestarem provas, muito
embora, alguns apoiantes da orientação, pudessem ter eventualmente defendido
que, estas oportunidades, acabariam por constituir uma forma de rever e
melhorar o conhecimento dos assuntos, aos demais filiados do castelo. Todavia, esta
qualquer altura do ano, pode talvez ser entendida como todos os meses ou
todos os trimestres.
4 – Seja
como for, a necessidade de chegar à 1.ª Classe – a que correspondia o direito
de usar o correspondente distintivo, uma quina dourada, acima do bolso esquerdo
da camisa, o que tinha sobreposto o emblema da M.P., ou uma quina prateada para
a 2.ª Classe –, era nesta altura indispensável, para frequentar os cursos de
graduados, a começar pelo curso de chefe-de-quina, ou para transitar para as
especialidades, que, no tocante aos infantes, eram mais especialidades
«internas» aos próprios Centros de Formação Geral. Salvo poucas excepções.
5 – Aos
vanguardistas apresentava-se-lhes a oportunidade de se inscreverem nos «Centros
Especiais» de marinharia, remo, vela, hipismo, atletismo, tiro desportivo,
esgrima, natação (o voo com e sem motor, que era só para cadetes) e outros, ou ainda
de frequentarem os cursos dos «Centros de Instrução de Quadros» que,
inicialmente, conferiam as especialidades de ligações e transmissões, defesa
civil, Observação (associada à topografia), aviominiatura (aeromodelismo),
campismo, tiro desportivo, jogos e iniciação desportiva e especialidade
sanitária.
6 – Estes «Centros
de Formação de Quadros» eram de excepcional importância, porque era deles que
saíam os futuros «Auxiliares de Instrução», tão necessários numa Organização
que sempre se debateu com uma tremenda falta de instrutores (assistentes) e
graduados, e ainda, essencialmente, os futuros membros das «Formações-de-Comando»,
assim uma espécie de «corpo-de-estado-maior», que, tal como o nome sugere,
apoiavam os comandantes dos diferentes castelos, grupos, bandeiras e falanges,
na organização de actividades, de acordo com as suas áreas de especialidades.
7 – Pena foi
que a M.P. não tenha aberto mais cedo – fê-lo só depois da reforma de 1966 –, o
leque de especialidades dos «Centros Especiais», que se manteve inalterado
durante trinta anos (demasiado tempo), a áreas artísticas ligadas à imagem
(fotografia e cinema documental), ao teatro e declamação, à música instrumental
e coral e às artes plásticas, ou até mesmo a domínios literários. Para acolher,
incentivar e ajudar formar os valores que iam emergindo dos Centros de Formação
Geral, ou se revelando em salões anuais de educação estética e em jogos florais,
com diferentes designações.
8 – Foi uma
lacuna grave e uma oportunidade perdida para formar «auxiliares de instrução»
para apoiar mais as actividades dos Centro de Formação Geral. Contribuindo
assim para a retenção nas fileiras de filiados vanguardistas e cadetes, que,
não encontrando o que desejavam, e integrando já o contingente de inscrição
voluntária, a pouco e pouco foram abandonando a Organização.
9 – Mas, apesar
de todas as dificuldades, o que é importante talvez salientar desde já, é que
na Mocidade havia trabalho – ou um posto –, para todos. Longe de ser uma
organização aonde apenas uns mandavam e os demais obedeciam, como à primeira vista
possa parecer, Nela, todos podiam mandar e a todos era exigida obediência, como,
a pouco e pouco irão verificar.
II – TRANSCRIÇÃO PARCIAL:
de “A Missão
dos Dirigentes”, Marcello Caetano, 2.ª Edição, 1942:
… … … … … … … … … … …
4.ª Parte – Os Centros e as Actividades
… … … … … … … … … … …
Pág. 100 – Secção V – Classes e Especialidades.
Em todas as
actividades tem de se ter presente um certo número de princípios fundamentais
para triunfar. Entre esses princípios retenhamos especialmente:
1.º que o
estímulo do trabalho vem da ideia de realizar um objectivo, de alcançar um fim;
2.º que a
repetição fastidiosa dos mesmos exercícios e a estagnação dos conhecimentos
levam inevitavelmente ao desinteresse, o qual só é vencível pela ideia de que
se progride, se avança, se é promovido segundo o mérito possuído e o esforço
dispendido
.
Em
obediência a estas verdades elementares se criaram as
classes nos escalões e se dá incremento às
especialidades.
O filiado
ingressa no escalão de infantes como iniciado; passa depois
à 2.ª classe; daí, mediante a prestação de provas, transita
para a 1.ª classe e só então deverá ser admitido aos cursos
de chefe-de-quina.
Se provém de
um Centro de lusitos e teve instrução adequada pode ser dispensado da fase de
iniciação.
O mesmo,
pouco mais ou menos, se faz depois no escalão de vanguardistas.
Para que
servem as classes?
Para dar uma
finalidade à instrução geral (actividades gerais). O filiado não anda a fazer
as coisas por fazer, não aprende as noções por
aprender: está-se a preparar para a 1.ª classe ou
para chefe-de-quina. E os programas de instrução são
organizados de harmonia com essa finalidade.
Obtida a 1.ª
classe e visto que nem todos poder ser chefes-de-quina – que novas actividades
se lhe hão-de propor?
As
actividades de especialização.
Não devem
ser admitidos a praticá-las senão os que tenham tido a formação de
base dadas pela instrução geral (actividades gerais).
Mas convém
chamar muitos a especializar-se para vantagem da vida dos Centros e para
variação da ocupação dos filiados.
Além das
actividades de educação física, muitas outras podem ser objecto de
especialização: o campismo, a enfermagem, as ligações e transmissões, os
transportes, a defesa civil, a aviominiatura (aeromodelismo), a observação, a
fotografia, o ciclismo, etc.
A cada especialização
corresponde a concessão de uma insígnia de especialidade.
Nas
localidades mais populosas convém concentrar a instrução das especialidades
quer nos Centros Especializados, quer num Centro de
Instrução de Quadros (Centro de Formação de Quadros) onde se preparem
os graduados e filiados que depois hão-de auxiliar os instrutores a ministrar a
parte complementar das sessões de instrução geral.
As classes e
as especialidades são óptimos instrumentos para variar e animar a actividade
dos filiados durante a sua permanência na M.P.
Não os
desprezem os dirigentes.