Versão: 1.1 – Data: 19-02-2011
Versão: 1.1 –
Data: 17-06-2011
I – NOTAS EXPLICATIVAS:
1 – Depois da euforia dos anos trinta
e princípio dos anos quarenta. Quando, por constituir uma novidade e uma
oportunidade de exibir um uniforme, acolhendo fartos aplausos das multidões que
enchiam os passeios à passagem de formações de milhares de filiados. A
instrução de formações e evoluções, foi-se tornando a pouco e pouco, e para a
esmagadora maioria de filiados, muito pouco atraente.
2 – Embora este tipo de actividade,
quando ministrada de uma maneira cuidadosa, progressiva, equilibrada na
duração, e tendo em atenção os escalões de filiados envolvidos – lusitos,
infantes, vanguardistas ou cadetes –, tivesse um grau de aceitação totalmente diferente.
3 – As «Directivas» publicadas todos
os anos pelo Comissariado Nacional, para reger as actividades gerais,
consideravam, por exemplo, em 1959, numa instrução de 2 horas e 30 minutos,
duas vezes por semana, apenas um período de 10 minutos, para formações e
evoluções, num dos dias, o que não era obviamente excessivo. Como o ensino
técnico só tinha instrução uma vez por semana, as formações e evoluções seriam naturalmente
ministradas de quinze em quinze dias. Simples.
4 – Mas o problema não estava nas «Directivas».
Estava, antes, em efectivos semi-enquadrados, e não eram poucos. Em
chefes-de-quina a comandar castelos, algo para que não tinham sido habilitados.
Em chefes-de-quina, ou mesmo filiados mais velhos (era assim nos anos
quarenta), arvorados-em-comandantes-de-castelo, muito para além de um mínimo
aceitável. E em jovens comandantes-de-castelo, a comandar castelos do mesmo
escalão, ou sem uma diferença de idades de dois ou três anos, o que era inconveniente.
E todos, ou quase todos, sem comandantes-de-grupo-de-castelo para os apoiar, ou
de dirigentes ali por perto.
5 – No essencial, foram simples
questões de «ordem» – manter a boa ordem –, ou seja manter a disciplina, que
levaram, na maior parte dos casos, a um exagero na prática das formações e
evoluções, aliado a uma didáctica muitas vezes mal ensinada ou percebida. Expressões
ríspidas ou quase gritadas do tipo: «Não Mexe!», «Olha em frente!», «Alinha!»,
não deviam ser escutas. Mas infelizmente aconteciam, especialmente nos centros
com pouco espaço, grandes efectivos, insuficientes filiados-graduados para os
enquadrar, e aonde alguns jovens chefes não conseguiam evitar excessos de zelo.
6 – A tecnologia das «formações e
evoluções» era complexa, mesmo para os cadetes da Milícia, mas aí nunca se
registaram problemas especiais. Agora ao nível de lusitos e infantes, sim. Num
primeiro ano de instrução, apenas deveria ser ministrada a parte referente á
«quina», e chegava. Num segundo ano, já se poderia considerar a parte
correspondente ao «castelo», e continuava a chegar. E só no terceiro ano, se
começaria a abordar a parte do «grupo-de-castelos». E o resto, isso ficava para
gente voluntária, mais interessada nesse tipo de instrução e em representarem o
Centro no desfile anual do 1.º de Dezembro, Dia da Mocidade, porque fora isso
pouco mais havia.
7 – Ao fim e ao cabo as necessidades
quotidianas, não iam além da concentração e da cerimónia protocolar do içar e
arrear das bandeiras nos dias de instrução. E para que ela se revestisse do
respeito e da dignidade próprias do acto, não eram necessários excessos de
rigidez e de simetria nos alinhamentos. Essencialmente, o que se pretendia, era
uma boa compreensão do significado desses símbolos: a bandeira e o hino
nacionais, a bandeira de D. João I e a marcha da mocidade.
8 – Mas, o meu propósito não é
desvirtuar a Mocidade Portuguesa, uma Organização que eu amei profundamente e
servi com toda a dedicação e a melhor das minhas capacidades. Antes ajudar os
leitores a perceberem, colocação após colocação, o muito que se fez de bom e
também algumas pequenas coisas que correram menos bem.
9 – E vou tentar, a pouco e pouco,
como tudo acontece neste despretensioso blogue, ir intercalando umas gravuras e
uns pequenos esquemas, que ajudem a compreender de uma forma mais fácil, todo o
articulado do regulamento que explica a tal complexa tecnologia.
II - TRANSCRIÇÃO DO REGULAMENTO DE FORMAÇÕES E EVOLUÇÕES:
(Aprovado por despacho do Comissário Nacional de 28 de Agosto de 1953.)
1) Formações. – São disposições regulares de filiados, em linha ou em coluna. Compreendem:
- Formações de concentração. – bastante densas e destinadas à reunião de filiados;
- Formações de marcha. – Em profundidade, para deslocações normais.
2) Fileira. – Conjunto de filiados dispostos uns ao lado dos outros, com a mesma frente.
3) Fila. – Dois ou mais filiados colocados uns à retaguarda dos outros, com a mesma frente. Chefe de fila é o filiado que está na frente; e cerra-fila o último filiado da fila. Quando a fila tenha de ter número certo de filiados e falte algum ou alguns, diz-se «falsa» ou que está «em falso».
4) Frente. - lado para onde uma formação está voltada, ou a extensão ocupada pela sua fileira da frente.
5) Flancos. - Lados, direito e esquerdo, duma formação.
6) Alas. - Nas formações em linha extensa, os agrupamentos dos flancos (ala esquerda, ala direita).
7) Intervalo. - Espaço livre entre duas formações, entre duas fracções da mesma formação ou entre dois filiados, no sentido da frente. Os intervalos medem-se de ombro a ombro, de flanco a flanco ou de ala a ala, consoante se refiram a filiados ou a formações.
8) Distância. - Espaço livre entre duas formações, entre duas fracções da mesma formação ou entre dois filiados, no sentido da profundidade. As distâncias medem-se das costas do filiado da frente ao peito do filiado que o cobre e da cauda de uma formatura à testa da que a segue.
9) Profundidade. - Extensão ocupada por uma formação desde a testa até à cauda.
10) Linha. - Formações colocadas umas ao lado das outras com a mesma frente.
11) Coluna. - Formações colocadas umas à retaguarda das outras com a mesma frente.
12) Movimentos. - Mudanças de posição e de frente dos filiados de uma formação que, em regra, a não alteram.
13) Evoluções. - Deslocamentos que permitem variar as formações.
14) Desdobramentos. - Evoluções que permitem aumentar a frente de uma formação.
15) Dobramentos. - Evoluções que permitem diminuir a frente de uma formação.
16) Quina. - É constituída por seis filiados, sendo um deles o Chefe.
17) Castelo. - É constituído por cinco Quinas e comandado por um Comandante-de-Castelo.
18) Grupo-de-Castelos. - É constituído por três Castelos e comandado por um Comandante-de-Grupo.
19) Bandeira. - É constituída por quatro Grupos-de-Castelos e comandada por um Comandante-de-Bandeira, que tem como ajudante um Comandante-de-Castelo.
20) Falange. - É constituída por duas Bandeiras e comandada por um Comandante-de-Falange, que tem como ajudantes um Comandante-de-Grupo e um Comandante-de-Castelo.
21) Os meios de comando utilizados pela M.P. são toques de clarim e vozes, empregando-se os primeiros nas grandes unidades e os últimos nas unidades de pequeno efectivo.
22) As vozes de comando são o meio de comando mais corrente, mais perceptível e o único de que se deve fazer uso no comando de unidades até ao Grupo-de-Castelos.
Cada voz de comando compreende três partes:
- De advertência - É a parte da voz de comando que enuncia a unidade à qual a voz é dirigida: escola, quina, castelo, etc. É pronunciada com energia e clareza;
- Preparatória - Indica o movimento. É pronunciada com clareza, para deixar perceber bem o movimento a executar, e entre ela e a voz de advertência há sempre uma curta pausa;
- De execução - É a parte da voz pela qual o movimento enunciado na voz preparatória tem execução. É pronunciada com energia, a fim de que o movimento seja executado correcta e uniformemente.
23) Sentido. - Na posição de pé, calcanhares unidos, os pés formando um ângulo de 60º, o corpo direito sem estar hirto, mantendo a verticalidade, cabeça direira, olhar em frente, braços estendidos e as mãos com os dedos estendidos e unidos, tocando com o dedo médio a costura da face externa das calças.
24) Descansar. - Desloca-se o pé esquerdo para a esquerda, ficando o peso do corpo distribuído igualmente sobre as duas pernas. Da posição de sentido passa-se a esta posição à voz de «descansar».
25) À vontade. - Nesta posição é permitido qualquer movimento, conservando, porém, o pé direito firme, para não perder o alinhamento. Da posição de sentido passa-se a esta posição à voz de «à vontade». A liberdade de movimentos concedida na posição de à vontade cessa à voz de «firme», em que se retoma a posição de descansar.
26) Destroçar. - À voz de «destroçar», recebida na posição de sentido, os filiados abandonam a formatura, sem alarido, e não se afastam para além dos limites previamente marcados pelo graduado, caso haja uma formatura posterior.
27) Reunião. - À voz de «reunião», os filiados vêm rapidamente entrar na formatura pela forma e no local que o graduado lhes indicar. A entrada na formatura faz-se na posição de sentido, tomando-se em seguida a posição de descansar, independentemente de voz. O primeiro filiado a chegar ao local de formatura, se esta não tiver ordem determinada, coloca-se um metro à frente do graduado, voltado para ele, e os seguintes vão entrando em formatura, em três fileiras, tomando os lugares que correspondam a um perfeito alinhamento.
28) A continência faz-se da seguinte forma:
- Quando isolado, em marcha ou a pé firme, a continência é prestada num único tempo, elevando anteriormente o braço direito com a palma da mão voltada para o solo e à altura dos olhos. A continência cessa trazendo o braço direito ao lado do corpo. Qualquer dos movimentos deve ser executado energicamente.
- Em formatura, a pé firme, a continência é prestada à voz de «sentido», fazendo o seu comandante a saudação (alínea a). Às bandeiras nacional e da M.P., ao Presidente da República, aos Ministros, Subsecretários, Comissário Nacional e seus Adjuntos, a continência é prestada com as fileiras abertas.
- Em marcha, a continência é prestada à voz de «olhar à direita» (ou à esquerda), volvendo rapidamente a cabeça ao flanco indicado, sem baixar o queixo, e olhando francamente para a entidade que se saúda. Simultaneamente, faz-se um batimento com o pé esquerdo. Os comandantes das formações fazem a saudações (alínea a).
29) Os alinhamentos pela direita executam-se à voz de «pela direita perfilar». A esta voz, todos os filiados, menos o primeiro de cada fileira, viram a cabeça para o flanco direito e os da fileira da frente curvam o braço esquerdo (excepto o último da esquerda) para ganharem o intervalo devido.
Os deslocamentos fazem-se por passos curtos e rápidos, até que cada um não veja mais do que o rosto do segundo camarada à sua direita.
Os filiados da segunda e terceira fileiras cobrem os seus chefes de fila, alinhando com eles sem curvarem o braço, olhando também à direita.
Os números um da 2.ª e 3.ª fileiras apoiam os dedos da mão direita no ombro do que está na frente, para ganharem a distância.
O comandante da formação, colocando-se no prolongamento da primeira fileira, a dois passos do flanco-guia, e com a frente oposta, rectifica rapidamente o alinhamento desta fileira, assim como o das outras duas; em seguida, vem à frente da formatura e dá a voz de «olhar frente».
Os filiados retomam energicamente a posição de sentido.
30) Direita (esquerda)-volver (2 tempos):
- Primeiro tempo. - À voz de execução, levantam-se o calcanhar do pé esquerdo (direito) e um pouco a ponta do pé direito (esquerdo) e roda-se sobre o calcanhar deste até tomar a frente indicada, conservando o calcanhar do pé esquerdo (direito) afastado do solo, as pernas hirtas e o peso do corpo sobre a perna de frente, ficando os braços no mesmo alinhamento das pernas.
- Segundo tempo. - O calcanhar que está à retaguarda une energicamente ao da frente, de forma a ouvir-se um batimento forte.
31) Meia volta-volver (4 tempos):
- Primeiro tempo. - Idêntico ao 1.º tempo de direita-volver;
- Segundo tempo. - Idêntico ao 2.º tempo de direita-volver:
- Terceiro tempo. - Idêntico ao 1.º tempo de direita-volver;
- Quarto tempo. - Idêntico ao 2.º tempo de direita-volver.
32) Em frente-marche. - À voz de execução, a marcha é iniciada com um batimento do pé esquerdo, no mesmo terreno, lançando-se de seguida a perna direita em frente; a natural oscilação dos braços, em torno dos ombros e da frente para a retaguarda, com as mãos semi-cerradas e as palmas voltadas para dentro, acompanha e favorece o movimento do corpo.
33) Alto. - O pé em movimento completa o passo iniciado e o outro vai unir-se-lhe com um batimento enérgico de calcanhares. A voz de alto deve ser dada quando o pé esquerdo toca o solo, e o movimento executa-se em dois tempos; não deve dar-se em marcha mas sim a partir de «marcar passo».
34) Marcar passo. - À voz de execução, o movimento é iniciado com o pé esquerdo, que faz um batimento enérgico no mesmo lugar; o movimento continua com a elevação alternada dos joelhos, de modo que os pés se levantem à altura de 10 cm., na cadência de marcha. A oscilação dos braços é ligeira. O movimento termina à voz de «em frente> ou de «alto».
35) Em frente. - Esta voz deve ser dada quando o pé esquerdo toca no terreno. A marcha prosseguirá com um batimento enérgico do mesmo pé, quando este, na tempo seguinte, assentar novamente no solo.
36) Trocar-passo. - O pé em movimento completa o passo e o outro avança rapidamente, até aproximar a ponta do pé do calcanhar do primeiro, que de novo dá outro passo para a frente, sem perder a cadência.
Estando a marcar passo, troca-se este, assentando o mesmo pé no terreno duas vezes seguidas.
37) Passos em frente (à retaguarda)-marche. - Este movimento será executado em tantos tempos quantos o número de passos e mais dois, correspondendo o 1.º tempo a um batimento enérgico do pé esquerdo no mesmo lugar, ao ser dada a voz de execução, e o último tempo ao batimento enérgico do calcanhar do pé recuado na ocasião de unir ao pé que completar o último passo. O passo à retaguarda é sensivelmente metade do passo em frente.
38) Abrir fileiras-marche. - À voz de execução, a primeira fileira fica firme e a segunda e a terceira fileiras dão, respectivamente, dois e quatro passos à retaguarda, olhando ao flanco direito logo que iniciam o movimento e olhando em frente quando o comandante da formação, depois de rectificado o alinhamento, dá a voz de olhar-frente, exceptuam-se, claro, os filiados do flanco base.
39) Unir fileiras-marche. - À voz de execução, a primeira fileira fica firme, a segunda e a terceira fileiras dão, respectivamente, um e dois passos em frente, olhando ao flanco flanco direito logo que iniciam o movimento e olhando em frente assim que o acabam, exceptuando-se, claro, os filiados do flanco base.
40) À direita (esquerda)-rodar. - A esta voz o filiado do flanco exterior conserva o seu passo normal, descrevendo a rotação. Os restantes reduzem o passo de modo a não perderem o alinhamento. Para tal, o filiado do flanco externo olha para o ponto de rotação e os restantes olham para esse filiado.
41 Quina:
(Continua).