PÁGINA EM CONSTRUÇÃO
Índice de Projectos Para Actividades Noticiosas:
1. Numa tarde de sábado, da Primavera
de 1967, teve lugar no Estádio Nacional, mais uma edição dos campeonatos
distritais de atletismo. Em termos de competição foi semelhante a todas os
outros. Já no tocante a divulgação e envolvimento de quem assistiu, foi
profundamente diferente. Constituindo um modelo inovador e que infelizmente não
mais voltou a ser repetido. A Mocidade tinha todas as condições para conseguir
essa repetição, mas faltou dinamismo e, mais que isso, faltou «alma», tal como
já vinha acontecendo desde há muitos anos.
2.
Apesar deste evento ainda não se ter integrar no modelo organizativo,
que tem vindo a ser defendido para todo o tipo de actividades da Mocidade. Ao
longo das quatro épocas trimestrais: «Outono-Inverno» e «Primavera-Verão». E isso
poderia ter beneficiado as provas em termos do fomento desportivo. Um
importante factor, infelizmente, muito pouco valorizado pela Mocidade, que o
confundia com uma precaução de evitar um certo vedetismo. Noutro espaço
falaremos detalhadamente disso.
3. Neste caso, o evento, e na parte
que se referente à «informação noticiosa» começou a ser tratado com uns dois
meses de antecedência, e envolveu diversas entidades, tais como: a
administração do Estádio Nacional; o Exército (Estado Maior e Regimento de
Transmissões); Emissora Nacional; CP – Caminhos de Ferro Portugueses; Emissão
de convites e cartões de livre-trânsito; organização do «Castelo» de
transmissões (Corpo Distrital de Graduados) e; correspondência diversa com os
estabelecimentos de ensino e outras entidades.
4. O elemento chave para
funcionalizar o «sistema de informação simultânea» foi assegurado pelo
Exército, que montou as comunicações, constituídas por uma central telefónica,
e linhas telefónicas desde cada ponto de partida e chegada das corridas e
controlos dos concursos (salto em comprimento, triplo-salto, salto-em-altura,
salto à vara, lançamento do disco, do dardo, do martelo e do peso), e um local
próximo da cabina de som do Estádio aonde estavam instaladas o locutor oficial
e as mesas com os “pares” de cada telefone na área de provas.
5. Uma das primeiras tarefas foi
acordar com a administração do Estádio Nacional o modelo dos convites a emitir,
uma vez que não estava em causa o modelo “oficial” que correspondia à lotação
completa do Estádio. O nosso objectivo era apenas ter uma afluência
significativa no «sector central» e isso foi conseguido, ao contrário dos
outros anos em que o Estádio esteve completamente “deserto”. A emissão
situou-se entre dois e três mil convites. Para cada estabelecimento de ensino
foram enviados cerca de 50 convites, a distribuir por alunos interessados em
acompanhar os seus colegas concorrentes, familiares e amigos. Não chegaram a
ser emitidos cartazes, embora se ficasse com esse desejo para o ano ou anos
seguintes, acompanhados de pequenos cadernos com a lista dos concorrentes, para
que a assistência, especialmente os familiares, pudessem anotar os resultados
obtidos.
6. O funcionamento do «sistema de
informação simultânea» era simples mas eficaz. A partir dos telefones locais, guarnecidos
por graduados do «castelo» de transmissões, chegavam ao “par”, por exemplo, a
informação da primeira chamada para uma determinada corrida, que era de
imediato difundida pela instalação sonora do estádio. Normalmente havia duas
chamadas para cada prova. Algum tempo depois a partir da mesa do “par”, aonde
tinha chegado a notícia, o locutor difundia a informação sobre o concorrente em
cada pista (nome estabelecimento de ensino), seguindo-se a informação sobre a
partida em perspectiva.
7. Este procedimento repetiu-se
sempre que havia fases eliminatórias para apuramento dos concorrentes à
«final». Após o que, daí a alguns minutos, eram comunicados os tempos ou outras
marcas obtidas pelos diversos atletas. Tendo-se o especial cuidado de ir espaçando
a informação de forma manter a assistência ao corrente, mas sem perturbar as
provas. Era a primeira vez que o «sistema de informação simultâneo» funcionava.
Não tinha havido ensaios, mas tudo correu bem.
8. Entretanto, na Emissora Nacional,
conseguimos a gravação de uma «fanfarra» para anteceder o anúncio da «cerimónia
protocolar da entrega dos prémios». Normalmente essas indicações vinham do
director das provas. Anunciava-se a cerimónia e procedia-se à chamada dos
concorrentes ao «pódio», pela ordem de classificação. Ainda para a mesma
cerimónia, haviam-nos facultado uns três minutos ou pouco mais de gravação da
«Pompa e Circunstância» de “Helgar”, escrita para o jubileu da Rainha Vitória,
e à época ainda pouco conhecida em Portugal, que era reproduzida enquanto as entidades
avançavam para o «pódio» e entregavam as medalhas. Também resultou bem.
9. O contraste com os anos
anteriores, foi o sucesso, pois, o Director de Serviços (Comissariado Nacional da
M.P.) e o Colégio de Juízes e Árbitros da Federação Portuguesa de Atletismo,
pediram logo a colaboração para se repetir o sistema, quer para os campeonatos
nacionais da Mocidade, quer para idênticos eventos promovidos pela Federação.
Há ainda a salientar que nos dias de hoje, tudo isto é banal, por via dos
complexos sistemas electrónicos, disponíveis nos estádios e companhias de
televisão. Mas, há 45 anos atrás não existia nada. Absolutamente nada.
10. A única coisa que não se
conseguiu foi o comboio especial para o Estádio, precedente de Sintra, por
razões de ordem técnica, segundo nos foi explicado pela CP. Realmente era muito
complicado proceder ao atravessamento da Avenida 24 de Julho/Avenida da Índia
(Alcântara), ao princípio da tarde, no sentido da Cruz Quebrada e, depois,
novamente, ao fim da tarde, no sentido de Sintra. Isso iria provocar uma
tremenda confusão no trânsito. O uso que a CP fazia daquela linha era apenas
durante a madrugada para comboios de mercadorias que se dirigiam ao porto. Pela
nossa parte, acabámos por ficar satisfeitos com o insucesso, pois, conseguir a
lotação do comboio, exigia uma preparação que não havia sido feita: cartazes nos
estabelecimentos de ensino, venda adiantada dos bilhetes, etc.
11. Algumas falhas protocolares
também ocorreram. Por exemplo, a montagem de uma plataforma com cadeiras, para
as entidades, não foi feita. O cuidado em convidar a entidades militares que
tinham autorizado ou acompanhado a instalação do sistema das comunicações,
também caiu no esquecimento. Tal como, convites personalizados para a Emissora
Nacional, para a Rádio Universidade e para os directores dos estabelecimentos
de ensino e outras entidades diversas, etc.
12. Seja como for, para uma primeira
experiência o resultado foi muito positivo, e a melhor forma de o avaliar, foi
pela numerosa assistência que nos deixou a todos cheios de contentamento.