Versão: 1.0 – Data: 23-08-2011
1 – Foram estes escalões – LUSITOS e INFANTES
-, os mais numerosos. Bastante mais de dois milhões de rapazes, que passaram ou
deviam ter passado pelas actividades da Mocidade ao longo de quase quarenta
anos. Tendo o primeiro deles – os Lusitos -, sido o menos acarinhado, por uma
Organização em que – a falta de lucidez de alguns -, não permitiu avaliar as
graves consequências que isso viria a ter no futuro, para os demais escalões.
2 – O escalão de LUSITOS, era constituído por
todas as crianças do sexo masculino, dos sete anos, até ao dia 1.º de Dezembro
do ano em que completavam os dez anos, «data da passagem de escalão» neste caso
para o de INFANTES. E podendo isso acontecer quase onze meses depois da data do
aniversário. Uma vez que nunca foi estabelecido, tanto em regulamento como em
ordem de serviço da Organização, por exemplo, que para aqueles que completassem
a «idade de mudança de escalão» até meio do ano, contaria o 1.º de Dezembro
anterior, e para os restantes, o 1.º de Dezembro seguinte, como, aparentemente,
seria razoável.
3 – Claro que isto se aplicava igualmente para
os demais escalões. Por isso os INFANTES mudavam para o escalão de
VANGUARDISTAS, no dia 1.º de Dezembro do ano em que completavam os 14 anos. E
estes, para o de CADETES, no dia 1.º de Dezembro do ano em completassem os 17
anos. Mais tarde passou a ser os 18 anos.
4 – Embora houvesse alguma tendência, para
associar os LUSITOS apenas aos Centros Escolares Primários, e os INFANTES ao
1.º Ciclo dos Liceus e ao Ciclo Preparatório do Ensino Técnico. Isso não
correspondia à realidade. A mudança de escalão era feita, de uma maneira geral,
ainda na Escola Primária. Passando os INFANTES por uma situação muito peculiar,
em que tanto podiam viver esse período repartidos por duas escolas, como até
por três, como era o caso do Ensino Técnico. Aonde estariam um ano na Escola
Primária, dois anos na Escola Preparatória, e um ano na Escola Industrial ou
Comercial.
5 – O problema podia ter sido gerido com alguma
naturalidade, embora com a burocracia necessária, mas, simplesmente, não foi gerido.
6 – No caso das Escolas Primárias, prevaleceu
o jogo do “empurra” em que a Mocidade entendia, por volta de 1945 ou pouco
mais, que, contrariamente ao que acontecera até então, e confirmado pelo
Regulamento dos Centros de 1940, que a «instrução» deveria ser ministrada
apenas pelos «professores primários», na maior parte dos casos «professoras». E
estes consideravam que não estavam preparados para isso. O resultado foi que, a
Lei da frequência obrigatória, foi impunemente desafiada, e os «instruendos»
(coitados dos miúdos…) ficaram sem instrução praticamente a partir da segunda
metade dos anos quarenta.
7 – Antes desta data, eram graduados e
dirigentes (na maior parte Cadetes Auxiliares de Instrução) de outros centros,
que, vindo em regime de «destacamento», auxiliavam os professores primários,
que, nessas circunstâncias, sempre se mostraram disponíveis para colaborar.
8 – Este tipo de «movimento de pessoal», que
também era necessário para apoiar as escolas do Ciclo Preparatório, porque, em
regra, só tinham alunos de 11 e 12 anos, ou de 12 e 13 anos. Muito novinhos ainda
para enquadrar a massa de filiados, a não ser, alguns, como chefes-de-quina,
mas que infelizmente, mal eram promovidos, já estavam a transitar para a Escola
seguinte. Daí a importância dos cursos de chefes-de-quina também na Escola Primária,
e da indispensabilidade do regime de «destacamento».
9 – Entendendo-se por «destacamento» um
sistema organizado (planeado, executado e fiscalizado) de gestão de recursos
humanos, sob a responsabilidade dos dirigentes Subdelegados Regionais e dos graduados
Comandantes de Ala, ou seus adjuntos, em que se satisfaz o completamento das
necessidades de um Centro, com pessoal vindo de outro ou outros Centros.
10 – Por que é que os «destacamentos»
funcionaram mal ou não funcionaram sequer? Bem, isso era uma questão
transversal a todos os quadros e estruturas da Organização. Mas que tinha a
ver, principalmente, com o mau funcionamento da maioria das Subdelegações Regionais
e dos Comandos de Ala, e, até mesmo, a falta de intervenção das Delegações
Provinciais e dos Comandos de Divisão, seus adjuntos e auxiliares.
12 - Por, entre outros factores, não
inexistirem ou funcionarem mal, as «formações de comando», assim uma espécie de
“corpo-de-estado-maior”, de especialistas, cuja preparação era da responsabilidade
dos «Centros de Instrução de Quadros» (CIQ’s), mais tarde, Centros de Formação
de quadros (CFQ’s), tal como aconteceu, em parte, com os «Cadetes Auxiliares de
Instrução», estes, já mais na esfera dos dirigentes, enquanto, aqueles, na dos
graduados.
13 – Ao contrário de que seria de esperar,
isto é, terem estes CIQ’s, o estatuto de “parente rico”, dentro do sistema de
formação de quadros (escolas de graduados e cursos de orientação de dirigentes
adultos), devido à amplitude dos cursos de especialidade, e a terem a obrigação
de formar «Cadetes Auxiliares de Instrução» nunca conseguiram ir além da de
“parente pobre”, como foi o caso do CIQ de Lisboa, aliás o único «projecto-piloto»
de que se tem conhecimento, e talvez por isso mesmo.
14 – É muito difícil não considerar, que, por
detrás de muitas destas dificuldades, não tenha estado a mão oculta de algumas
entidades, que se sentiram ameaçados no seu poder, autoridade e vaidade, pela
acção dos rapazes, que naturalmente desejavam ter um papel mais activo, numa
Organização que era sua, porque fora criada para si. Muito embora a letra de
alguns normativos legais, também nem sempre tenha ajudado muito. Mas, os
assuntos relativos aos dirigentes, não os vamos tratar aqui.
15 – Pela sua importância, esta questão terá
bastante maior desenvolvimento, em colocações e espaço, aqui no blogue «Tronco-em-Flor»,
e ulteriormente nas páginas do Facebook: «Mocidade Portuguesa dos Lusitos e
Infantes» e «Mocidade Portuguesa dos Vanguardistas e Cadetes».
16 – A grande questão era, supostamente, que os
jovens INFANTES, vindos da Escola Primária, chegassem ao 1.º Ciclo do Liceu ou
à Escola Preparatória do Ensino Técnico, com alguns conhecimentos básicos
adquiridos, depois de quatro anos de actividade efectiva, com uma separação
razoavelmente definida entre os menos e os mais entusiastas e desembaraçados, e
com um número significativo de chefes-de-quina, já promovidos. E isto era
fundamental para o maior sucesso de tudo o que vinha a seguir.
17 – Os mais entusiastas e desembaraçados
seriam rapidamente, e após prestação de prova, os Infantes de 1.ª Classe e os
candidatos naturais a novos cursos de chefe-de-quina. De entre os
chefes-de-quina mais antigos do novo Centro, sairiam, depois de mais um ano de
serviço, alguns arvorados-em-comandante-de-castelo, para suprirem eventuais
faltas destes, e serem os próximos candidatos à frequência do curso de
comandante-de-castelo, nas Escolas de Graduados. Outros à frequência de cursos
de especialidade, nos Centros de Instrução de Quadros, assim que atingissem o
escalão seguinte, o de VANGUARDISTAS. E tudo isto, depois de oito anos de
actividades de frequência obrigatória. Algo de muito diferente, dos dois anos apenas,
tal como aconteceu na maior parte dos casos.
18 – Também era importante conhecer
previamente, para efeito de planeamento e não só, quais os futuros
Vanguardistas interessados em frequentar as diversas modalidades desportivas
praticadas nos Centros de Instrução Especial, tais como o Remo, a Vela, o
Hipismo, o Atletismo, a Ginástica, o Voo Aeronáutico, a Marinharia e outros.
Este assunto não podia ficar entregue ao acaso, como aliás nenhum dos demais.
Nuns casos podiam frequentá-las logo a partir dos 14 anos, noutros, teriam de
esperar pelos 16 anos.
(continua)